quinta-feira, 29 de abril de 2010

Século XIX

Do Romantismo Ao Absurdo

Werther
é um jovem apaixonado por uma mulher casada. Impedido de realizar seu sonho, é levado ao suicídio. Essa simples história, narrada pelo romancista alemão Goethe, teve profundas repercusões. O livro -Os Sofrimentos do Jovem Werther- foi publicado em 1774. Alguns anos depois, uma onda de suicídios invadia a Europa. Era já o mal du siècle, que exasperaria a imaginação e a sensibilidade dos jovens da escola romântica no século seguinte.

O Romantismo surge como reação ao racionalismo e às restrições formais impostas pelo Arcadismo/Neoclassissismo. Ser romântico é ser rebelde, e não aceitar senão a própria fantasia e libertar-se das normas sociais. O indivíduo é considerado centro do Universo (Egocentrismo), mas a sociedade o impede de ser feliz. A s raízes dessas idéias estão em Jean Jaques-Rousseau (1722 - 1778), filósofo suiço que pregava a nessecidade de reencontrar a Natureza. O homem em seu estado mais natural acaba corrompido, quando em contato com a sociedade; disso escapa o ideal do bom selvagem. Fugir às cidades já tinha sido racionalmente postulado pelos neoclássicos, mas volta às origens, dos românticos, é essencialmente sentimental.

A temática da pureza original encontra-se em vários tipos de assunto. No romance de Chateaubriand (1768 - 1848) será o índio; no de Walter Scott (1771 - 1832), o homem medieval não comprometido com a civilização; e em Victor Hugo (1802 - 1885), o homem do povo, exemplo de generosa simplicidade. Em qualquer das direções, cria-se o herói como puro e leal sofredo, marginalizado em sua solidão, mas que, perante as injustiças socias, encontra forças para lutar contra os prepotentes.



O Herói Justiceiro

A rebeldia romântica advém do incorfomismo intelectual gerado pelas condições socias do século XIX. De rebelde a revolucionário é um passo. Byron (1788 - 1824), poeta inglês, além de cantar a liberdade, participará das lutas gregas; Victor Hugo dedicará suas obras líricas às lutas de libertação e denunciará as atrocidades da guerra. Essa rebeldia marca-se pelo nacionalismo libertário e político.

E com heróis marginalizados e vilões embrutecidos é tecids a intriga de romance de crítica e anticlerical, como em Stendhal (1783 - 1842), Dostoiévski (1821 - 1881), Dickens (17?? - 18??) e Manzonni (1785 - 1813).



O Herói Submisso ao Amor

O ponto fraco do herói romântico é o amor. Intrépido diante do perigo, submete-se à mulher amada, ser angélico e superior. A suprema realização a amorosa é o casamento, em geral impedindo pelas circunstâncias adversas e obstáculos sociais. O primeiro amor torna-se impossível; a separação é irremediável. Fadados à solidão, os amantes buscam a morte. Mas antes submetem-se a terríveis sofrimentos, que nem as meditações líricas e os contatos com a natureza, nem a religião mitigam. Resta morrer para que o amor se realize na realidade.

A confissão dessas emoções e a vibração sentimental de tudo são o assunto preferido dos poetas líricos que se alinham ao lado de Byron e Victor Hugo: Lamartine, Shelley, Keats e Musset, entre outros.

O Romantismo é um movimento que atinge toda a Europa e expande para o América, tendo como representantes: Gonsalves Dias (1823 - 1864), Álvares de Azevedo (1831 - 1852), Castro Alves (18?? - 18??). Como expressão cultural das ideias liberais da Revolução Francesa, invade todas as atividades humanas.



Chega de Heróis

Após a geração de 1830, o Romantismo degenera em exagero sentimentalista, muito ao gosto de público. É o Ultra-Romantismo, mal visto pelos intelectuais, que reagem. Na literatura nasce o Realismo - Naturalismo e, na poesia, o Parnasianismo.

É a segunda metade do século XIX. A Ciência e a Filosofia desinteressam-se do espiritual, e, às vezes, negam-no. O homem, proclamavam, tem sua origem e explicação no mundo material (Materialismo), racionalmente submetido às relações de causa e efeito (Leis Científicas). Mas essas leis são passíveis de ser determinadas (Determinismo). Mundo material evolui do mais simples para o mais complexo e diferenciado: é o Evolucionismo.

A literatura realista - naturalista é consequência dessa concepção do mundo extraída das ciências naturais e do pensamento racionalista. Mas é consequência também da experiência política da geração de 1848, desiludida com o desfecho das revoluções liberais que eclodiram em quase toda a Europa nesse mesmo ano. Liberais ou socialistas, os intelectuais tinham participado da deposição de Luís felipe e da eleição de Luís Napoleão. Como os socialistas e liberais acabaram alijados do poder, os escritores refugiaram-se numa atitude científica.

Impossibilitados de agir, prendem-se objetivamente à realidade e exigem uma exatidão absoluta em suas descrições, baseadas na observação e experimentação. Pregam, como Flaubert (1821 - 1880), a impessoalidade e a insensibilidade, de tal forma que o autor e a suas idéias não surjam na obra. Com Emille Zola (1840 - 1902), no romance que ele chamou de Experimental, além de descrever a realidade, a intenção é bem-pensante e mais de um escritor será processado. É o caso de Flaubert e de Baudelaire. Em poesia, essa atitude, somada à preocupação formal, dará origem ao Parnasianismo, cujo lema é a Arte pela Arte.

(TO BE CONTINUED)